Adeus, querida Lei 8.666/93

Querida Lei 8.666/93...

Chegou o momento de nos despedirmos, após tantos anos de convívio. Confesso que, no início, nossa relação não foi fácil. Você era complexa, cheia de detalhes e formalidades, e eu, ainda jovem e inexperiente, me perdia em seus artigos e parágrafos. Tivemos nossos atritos, momentos de frustração e até mesmo algumas brigas (principalmente na época da faculdade). Mas, com o tempo, aprendemos a nos entender. Você me ensinou a importância da seriedade, da responsabilidade e do rigor nos processos licitatórios. Me tornei mais maduro e preparado para os desafios do mundo jurídico.

Juntos, vivemos grandes momentos. Celebramos a assinatura de contratos importantes, testemunhamos a concretização de obras e serviços que beneficiaram milhares de pessoas. Você me guiou em meio à complexa burocracia das licitações, me ajudando a entender as nuances da legislação e a navegar pelas diversas etapas dos processos.
É verdade que, em alguns momentos, você era rígida e inflexível. Seus prazos apertados e exigências rigorosas me causavam estresse e ansiedade. Mas, reconheço que sua rigidez era necessária para garantir a lisura e a transparência das licitações. Você sempre zelou pela ética e pela moralidade na administração pública, valores que admiro e respeito profundamente.

Agora, chegou a hora de você descansar. Uma nova lei, mais jovem e moderna, a Lei 14.133/21, assume seu lugar. Tenho certeza de que ela dará continuidade ao seu legado, com inovações e ferramentas que visam aperfeiçoar ainda mais os processos licitatórios.

Desejo-lhe um futuro tranquilo e cheio de boas lembranças. Você deixa um legado importante para o país, tendo contribuído para a construção de uma administração pública mais justa, eficiente e transparente.

Obrigado por tudo, querida Lei 8.666/93. Você sempre terá um lugar especial em meu coração.

Com carinho e gratidão,
Juliano R. Machado

P.S. Não se preocupe, não vou esquecer de você. Até porque muitos dos processos licitatórios ainda seguirão o teu rito no ano de 2024. Vou te guardar em um lugar especial na minha estante, junto com outros livros que marcaram minha carreira. E, quem sabe, um dia, poderemos nos reencontrar em algum debate jurídico ou evento acadêmico.